Soldado denuncia agressão em quartel na Grande SP após perder fivela do cinto; Exército afirma que abriu sindicância

  • 24/04/2025
(Foto: Reprodução)
Militar registrou boletim de ocorrência e diz que foi levado a sala escura, forçado a fazer flexões e agredido com chutes após informar perda de item do uniforme. Exército informou que vai apurar a denúncia, mas que não há indícios de crime. Soldado denuncia agressões no Exército de Barueri após dizer que perdeu fivela de cinto Arquivo Pessoal Um soldado do Exército afirma ter sido agredido dentro de um quartel em Barueri, na Grande São Paulo, após perder a fivela do cinto do uniforme. O caso ocorreu em 10 de março e foi registrado um boletim de ocorrência. Segundo a defesa, o jovem está em casa, acamado e apresenta sequelas físicas. O Exército enviou duas notas ao g1. Em ambas, afirmou que o caso está sendo apurado. Na segunda versão, afirmou que, "até o momento, não há qualquer indício de ocorrência de crime no interior daquela Organização Militar" (leia a íntegra da nota mais abaixo). O soldado Valdir de Oliveira relata que informou um oficial que havia perdido a fivela, peça fornecida pelo almoxarifado, ao receber o novo uniforme. Em seguida, ele teria sido levado para uma sala sem iluminação, câmeras ou janelas. No local, conta que foi forçado a fazer flexões enquanto recebia chutes e era questionado sobre "quanto custava" a fivela. "Nesse dia aconteceu a troca de farda. Eu entrei no almoxarifado, na parte que tinha lá na salinha e que estava o tenente. Ele pegou os tamanhos da roupa. Quando fui para dentro do almoxarifado mesmo, onde ficavam as roupas, eles pediram para eu bater continência três vezes para eles. Começaram a falar assim: ‘A gente vai jogar farda, e você pega'. Aí eles começaram a jogar a farda e batia na cabeça, nas costas. Não estavam nem aí", relatou. E emendou: "Até que eu peguei todo o kit da farda e estava indo para a porta, quando ele olhou para mim e perguntou sobre o cinto. Eu virei e falei assim: ‘O cinto eu tenho, eu só não tenho a fivela que eu acabei perdendo'. Aí ele falou: ‘Eu tenho uma fivela aqui. Quanto custa para você?’. Eu falei: ‘Não sei, senhor’. Ele falou: 'Então, 10 flexões’. Fui me abaixar no meio do almoxarifado, e ele falou: ‘Não aqui’. Me levou num quarto que tem dentro do almoxarifado, bem escuro. Na hora em que eu me abaixei para fazer as flexões, ele começou a me bater". O jovem relatou à polícia que, mesmo após as agressões e com dores intensas na cabeça, foi obrigado a retornar ao treinamento físico naquele dia. À noite, ele conta ter sido trancado em um quarto e, na sequência, novamente levado para mais atividades físicas. Segundo o boletim de ocorrência, o militar foi levado ao Hospital Municipal de Barueri (Sameb). Após o atendimento, foi obrigado a comer em apenas três minutos. Ao passar mal, vomitar sangue e retornar ao hospital, recebeu recomendação médica de três dias de repouso, o que, segundo ele, não foi respeitado pelo quartel. "Ainda estou com fraqueza nas pernas, vômito de sangue e dores na coluna", ressaltou o soldado. Defesa fala em 'tortura' Para o advogado de defesa do soldado, ele foi submetido a situações incompatíveis com a atividade militar. "Tenho a dizer que meu cliente viveu dias de tortura no alojamento do Exército, para o qual se apresentou para cumprir um dever cívico. Sofreu agressões físicas e psicológicas que deixaram sequelas para o resto da vida", afirmou Eduardo Lemos Barbosa. O que diz o Exército Em nota, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) informou que instaurou uma sindicância para apurar o caso. "O Centro de Comunicação Social do Exército esclarece que durante o expediente do dia 12 de março de 2025, o Soldado Valdir de Oliveira Franco Filho apresentou um mal-estar e, prontamente, foi encaminhado ao Posto Médico do Arsenal de Guerra de São Paulo e, em seguida, foi transferido para o Serviço de Assistência Médica de Barueri (SAMEB), onde recebeu atendimento, recebeu alta e retornou à Organização Militar. No dia seguinte, 13 de março, o soldado voltou a apresentar os mesmos sintomas e foi encaminhado ao Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP), onde foi submetido aos exames pertinentes e permaneceu internado até o dia 21 de março. Desde então, encontra-se em recuperação em sua residência, seguindo o tratamento prescrito pelos médicos responsáveis. Desde o momento em que foi constatado que não se encontrava em plenas condições de saúde, o militar vem recebendo do Exército Brasileiro a devida assistência médica. Assim que tomou conhecimento do relato narrado na solicitação, em 17 de abril de 2025, o Arsenal de Guerra de São Paulo instaurou uma sindicância para apurar os fatos. Até o momento, não há qualquer indício de ocorrência de crime no interior daquela Organização Militar. Por fim, o Exército Brasileiro reitera seu compromisso com a observância rigorosa dos preceitos legais, dos princípios éticos e dos valores morais que norteiam a conduta de todos os seus integrantes." A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo foi procurada, mas não se manifestou até a última atualização desta reportagem. Soldado diz que foi agredido em quartel do Exército em Barueri após perder fivela do cinto Arquivo Pessoal Caso de afogamento no Exército de Barueri Em outro caso na mesma cidade, a União foi condenada pela Justiça Federal a pagar R$ 468 mil de indenização por dano moral à irmã e a tia de um militar. Wesley da Hora dos Santos morreu afogado durante um treinamento aquático em uma lagoa no quartel do Grupo Bandeirante em Barueri em abril de 2017. A decisão é da desembargadora federal Leila Paiva da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de 24 de fevereiro. A União já havia sido condenada por sentença da 4ª Vara Federal de Sorocaba, mas recorreu ao TRF-3 na tentativa de reduzir o valor da indenização. Contudo, a Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento à apelação da União. “Não há dúvidas de que o evento morte resultou de um conjunto de ações culposas praticadas pelos militares, que agiram com negligência e imprudência, cabalmente confirmadas na decisão proferida na ação penal militar”, afirmou a relatora. Wesley, Victor da Costa Ferreira, de 18 anos, e Jonathan Turella Cardoso Allah, de 19, se afogaram após receberem ordem de se "molharem até o pescoço" para cumprir determinada tarefa nas dependências do 20º Grupo de Artilharia de Campanha Leve. Conforme consta nos autos, a equipe havia concluído uma atividade, de localização de pontos no terreno, com utilização de mapa e bússola. Os três soldados esqueceram de anotar um dos pontos. Por isso, um cabo determinou a aplicação de um trote, contrariando orientação do tenente, que havia considerado a ação encerrada. O trote consistiu em realizar um novo percurso, incluindo a travessia do lago. Na época, parentes disseram que os jovens não sabiam nadar. Durante a travessia, um dos recrutas escorregou e foi parar na parte mais profunda do lago. Os outros dois tentaram auxiliá-lo, mas não conseguiram e se afogaram também. Os três morreram. Ainda conforme o processo, não houve a devida supervisão. “Tomando por base as circunstâncias dos fatos, o grau de culpa dos agentes e as condições socioeconômica das partes, mostra-se razoável a condenação fixada na referida sentença”, concluiu a relatora. Três soldados do Exército morreram afogados em quartel em Barueri em 2017 TV Globo/Reprodução

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/04/24/soldado-denuncia-agressao-em-quartel-na-grande-sp-apos-perder-fivela-do-cinto-exercito-afirma-que-abriu-sindicancia.ghtml


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